




Membros

O ''Wing Chun'' é um eficiente sistema de defesa pessoal criado a cerca de 300 anos por uma monja chinesa chamada Ng Mui.
A superioridade das técnicas do Wing Chun, está na ''não'' utilização da força muscular, e sim, da energia estrutural; da explosão dos movimentos; e do impacto da força muscular do oponente contra a estrutura óssea de nosso corpo em eixos de encaixe.
Falando assim, parece-se um tanto abstrato quanto técnico demais, porém, a realidade única do Wing Chun é que ele foi desenvolvido por uma mulher, e por mais treinada que seja, uma mulher jamais terá tanta força quanto um homem, o que a levou a desenvolver um método no qual pudesse compensar sua fragilidade em relação ao sexo oposto, com técnicas onde viesse a utilizar a única coisa forte que possuía... sua estrutura óssea.
Para que você tenha uma idéia melhor de como funcionam as técnicas no Wing Chun, imagine uma caneta: ela aparentemente é frágil, podendo-se quebrar com facilidade ao força-lá ao meio, entretanto, se você estocar sua ponta contra alguém, ela torna-se uma arma penetrante.
Assim também é o nosso corpo. Alguns membros podem até parecer fracos, mas, se utilizados de maneira correta, tornam-se armas poderosas.
Essa mesma técnica, hoje também é utilizada por homens para compensar a inferioridade frente a um oponente mais forte, onde a vida esta em perigo.
O que faz do Wing Chun um estilo tão interessante, é que ele não necessita de força muscular mas, de uma sucessão lógica de movimentos econômicos. Certamente, velocidade é extremamente importante na luta porém, não importa quão árduo seja o treinamento ou quanto tempo se pratica para melhorar, sempre haverá limitações físicas, além da hipótese de encontrar alguém mais rápido que você (Duncan Leung).
Algumas pessoas simplesmente nascem com mais talento do que outras. Wing Chun permite para as menos privilegiadas, a possibilidade de superar em velocidade a superioridade inerente de um oponente, aplicando os princípios da arte.
Em Wing Chun, há vários tipos de velocidade. Se você não puder superar seu oponente com um tipo de velocidade, você pode o bater com outro. Em outras palavras, se você puder aplicar a teoria da velocidade do Wing Chun, com certeza ficará mais rápido. Nesta colocação, há quatro áreas a se considerar:
(Si Fu Florentino em reportagem exibida pelo programa “A gente Explica” )
1. VELOCIDADE DA VIAJEM:
Este é o tipo de velocidade que normalmente referimos a um soco ou chute. Uma velocidade que pode ser calculada em centímetros por segundo. Com o treino, a pessoa consegue gradualmente melhorar a velocidade deste movimento.
2. VELOCIDADE DE DISTÂNCIA:
Wing Chun aplica a teoria na qual a distancia mais curta entre dois pontos é a linha-reta. Então, um soco em linha-reta é mais curto e mais rápido do que um soco em gancho ou cruzado. Desferir um chute circular a cabeça toma muito mais tempo e distância que um eficiente e mais rápido soco em linha-reta na mesma região. Igualmente sem eficiência seria tentar socar a canela de seu oponente. Quer dizer, é muito mais prático e rápido chutar esta canela. Façamos uma analogia: Se você e eu estivermos à frente de uma casa, e ambos sairmos correndo em direção aos fundos, quem chegará primeiro? - Você até pode correr mais rápido que eu porém, enquanto circulas a casa eu simplesmente passo pelo seu interior - com certeza chegarei antes, porque terei menos distância a percorrer.
3. VELOCIDADE DE PRONTIDÃO:
De uma posição parada, quando a pessoa lança um soco forte ou tenta chutar pesado, é necessário armar a perna de atrás ou o braço antes de executar o golpe. Isto não só telegrafa o movimento, mas também desperdiça valioso tempo com o movimento extra. Em Wing Chun, o poder não é apenas gerado pela mão ou pela perna do ataque, assim sendo, não há necessidade alguma para se armar antes. A pessoa usa o outro lado do corpo para impulsionar o ataque simultaneamente. Por exemplo, se você for lançar um soco esquerdo, inicia-se o movimento puxando o braço direito para trás, tão rápido quanto poder, enquanto desfere-se o soco ao mesmo tempo.
4. VELOCIDADE DE REAÇÃO:
Em geral, as pessoas gastam muito tempo praticando técnicas que não simulam uma situação real de luta, até que se tornam muito bons nestas técnicas mas, na hora do combate real a aplicação é ineficaz. É como aprender a andar de bicicleta em uma bicicleta de academia (aquelas estáticas). Quando esta pessoa tentar montar em uma bicicleta real, ela certamente cairá. E isto porque seus reflexos e sentido de equilíbrio não foram desenvolvidos. Yip Man costumava dizer: 'Se você quiser aprender a nadar, mergulhe na água. Não mova seus braços e pernas e pense que você é um nadador'. Uma briga requer pelo menos duas pessoas. Você pode treinar e pode lutar o dia todo sozinho, mas a menos que aplique as técnicas com outra pessoa, não chegará a lugar algum.
(Si Fu Florentino - viajem de estudos na China)
Wing Chun só tem três exercícios de formas. Depois de aprender e entender a primeira forma, a pessoa treina 'Chi Sau' que requer duas pessoas que desenvolverão o sentimento de contato e reflexo. Então há a o 'treino das técnicas', que também requer duas pessoas. Quando você trabalha com o treino das técnicas, dia a dia, mês a mês, elas se tornam hábito, algo natural. Quando um ataque vem em sua direção, você reagirá sem pensar. Na hora da luta, tudo acontece muito rápido, e você pode estar transtornado, bravo, desprevenido ou até mesmo assustado. Não há tempo para pensar. Assim são as teorias e técnicas do Wing Chun..
(Si Fu Florentino - viajem de estudos na China)
Base, Chute e Soco
A ‘’base’’ de pernas para o praticante de Wing Chun deve ser a coisa mais importante a ser considerada. Uma base ruim significa um Wing Chun ruim. De nada adianta se praticar técnicas de luta se a base é fraca e flutuante.
Ao contrario dos demais estilos, a base do Wing Chun é extremamente sólida, mas ao mesmo tempo, rápida e flexível nos passos e movimentações.
Imagine uma grande rocha despencando de uma montanha. Ela é pesada. Despenca com impacto a cada virada, porem, torna-se cada vez mais rápida à medida que se move montanha abaixo. Assim deve ser a base no Wing Chun.
Wing Chun sempre caminha para frente. Em linha reta, ou desviando em forma de triangulo, mas também para frente.
É justamente esta flexibilidade e forte adesão que garante uma precisa penetração na guarda do oponente.
O ‘’soco” do Wing Chun é característico pela trajetória em linha reta que faz, bem como pela velocidade e número de repetições, entretanto, se ele não for bem desferido, muito de sua eficiência fica a desejar.
A síntese da potência está em se efetuar o golpe com a mesma energia na qual se recolhe o braço para preparar o próximo soco.
Exemplificando, imagine uma porta emperrada. Para abri-la, normalmente utilizamos ambas as mãos. Enquanto uma puxa a maçaneta, a outra empurra a parede, em um movimento de energia rotatória. A força que empurra transfere-se para que puxa, e assim sucessivamente, vice-versa.
Toda a potência do “chute” no Wing Chun parte-se do prévio encaixe do quadril, na verdade, quando falamos em técnicas de Wing Chun, falamos sempre em encaixe. Tudo é encaixe. Para defender encaixamos: cotovelos, ombros, quadril e base. Para contra-atacar, os mesmos. Aqui, temos o diferencial de nossa família “Wing Chun”. ‘Energia’ para nós não é algo místico ou abstrato. Energia para nos não é ‘Chi’, que machuca sem tocar. Energia para nós é algo real - sabemos onde encontrá-la, para então, utilizá-la.
Seminário Duncan Leung e Li Hon Ki 1995) (Releitura 1º VHS Duncan Leung anos 90) (Treinamento com mestres Allan Lee e Duncan Leung)
Justamente devido a estes encaixes, é que o “Wing Chun” torna-se um sistema de movimentos não muito atraentes do ponto de vista ‘beleza’, porém, extremamente funcional. Para que se consiga desenvolver o quadril na aplicação de bons chutes, utilizando a explosão através da liberação da energia previamente concentrada no encaixe do quadril, se faz necessário a prática em vários aparelhos específicos para este fim, um deles é o treino com borrachas cirúrgicas (elásticas) utilizadas para desenvolver o equilíbrio, a correta elevação do joelho, e o exato encaixe do quadril.
Exercícios de Formas
SIL LIM TAU é o primeiro exercício de formas no Wing Chun, e ele é muito importante para ensinar a coordenação corporal simultânea dos membros.
No Wing Chun não existe bloqueio e contra ataque, mas sim, a simultaneidade nestes movimentos.
Este exercício de forma faz exatamente o que o nome diz, ''dá forma'' ao corpo para realizar os movimentos corretamente. Para exemplificar, você deve se recordar de quando estava aprendendo a escrever. Lembra-se daqueles exercícios de ''serra-serra, bolinha, ondinha''... Pois bem, eles ensinaram sua mão, a exata coordenação motora para que você pudesse escrever suas primeiras palavras. Assim é com o Sil Lim Tau. Cada movimento representa uma técnica que você futuramente ira aprender, por isso, é importante que você saiba o significado de cada movimento, e não simplesmente treinar o Sil Lim Tau como se fosse um mero ''Tao Lu''. Isso seria uma grande perda de tempo.
O ‘’CHUM KIU’’ é o segundo exercício de formas do Wing Chun. Nele, aprende-se a locomoção em uma base sólida, a utilização de chutes, e a fazer de sua defesa o próprio ataque.
Em uma situação real de luta, talvez haja mais de uma pessoa lhe agredindo, portanto, seu golpe deve ser decisivo, pois, você talvez não tenha uma segunda chance frente a dois ou mais agressores.
Vários treinos específicos são utilizados neste nível, principalmente para chutes. Nele, você também aprende técnicas específicas para lutar em competições (campeonatos).
''Chi Sau'' é uma técnica exclusiva do sistema Wing Chun. Não é encontrada em nenhum outro estilo de luta, e é extremamente importante para o praticante de Wing Chun, porem, não tenha a idéia errada de que, ao aprender Chi Sau, você estará apto para se defender em uma luta real. Ninguém luta “Chi Sau” na rua, ou em qualquer situação real.
Chi Sau lhe ensina basicamente três coisas:
1- Desenvolver reflexos;
2- Desenvolver reação espontânea;
3- Melhorar os sentidos motores.
Entretanto, o mais importante de tudo esta na associação destes três ensinos básicos no que Duncan Leung chama de ‘’cobrir’’. Cobrir é a coisa mais importante.
Aprender a bater é muito fácil. Você nem precisa entrar numa academia para isso. Seu próprio instinto e fúria o propiciam a fazê-lo. Eu mesmo, já vi pessoas que nunca tiveram uma aula formal, brigarem muito bem. Mas, aprender a não apanhar é o mais difícil.
(Mestre Gordon Lo: treino pneus ) (Mestre Li Hon Ki Muk Yan Jong) (Mestre Gordon Lo Chi Sau)
O treino de Chi Sau deve iniciar-se com apenas um braço (em dupla), e após algum tempo, (aproximadamente seis meses), iniciar as técnicas com os dois braços.
Um bom treino de Chi Sau para os alunos avançados deve ser executado sem se olhar para os braços. Alguns talvez prefiram vendar os olhos.
Chi Sau é um treinamento que lhe deixa um passo à frente de seu adversário, pois, você aprende a se “cobrir” quando atacado, ao invés de bloquear. Ensina-te a prevenir. A se defender mesmo antes de ser atacado.
Após desenvolver-se com Chi Sau, as técnicas de combate acontecem com muito mais fluidez.
Ao contrario do que muitos pensam, o ‘’Muk Young Jong’’ (homem de madeira) não foi elaborado para ser espancado. Vários estilos o usam com esse propósito. Na verdade, ele existe para desenvolver o cálculo correto de ângulos, a movimentação correta dos braços e pernas a curtíssima distância, bem como o encaixe do quadril.
Há 108 técnicas de luta, aplicáveis em seu exercício de formas, entretanto, desde o nível ‘’Sil Lim Tau’’ pode-se praticar nele. O ideal é que toda técnica de luta seja aplicada no ‘’Muk Jong’’ para aprimorar sua correta execução.
Uma boa metodologia de treino inclui três maneiras de se treinar uma nova técnica de luta. A primeira, consiste em repetições frente a um espelho para a visualização dos pontos de impacto. A segunda, consiste na aplicação da técnica no ‘’Muk Jong’’, e a terceira, na aplicação da nova técnica junto a prática de luta com um parceiro.
(Mestre Gordon Lo: Ba cham Dao) (Mestre Gondon Lo : Luk Dim Bo)